Gestão e Governança de dados

Thiago Santos
5 min readMar 3, 2020

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Existe um jargão que tem sido repetido como um mantra repetido em: todas as empresas que tive a oportunidade de estar até agora, na faculdade, quando assisto a uma palestra ou workshops relacionados alguma temática que envolve a área de dados, sempre gostam de frisar que, “Dados é o novo petróleo”. E tal como o “ouro negro” é de vital importância para uma organização que ela saiba extrair e manipular seus dados. E, se sua empresa têm problema em como lidar com a grande quantidade de dados gerados a cada dia, com certeza existe um impacto na credibilidade das informações, e consequentemente isso resulta em decisões menos assertivas que podem ser tomadas a respeito de um assunto. Eu sei, isso parece ser óbvio, mas a solução para esse problema parece não ser tão óbvia assim. Tanto que, segundo um artigo publicado na Harvard Business Review, somente 3% das empresas atingem níveis de qualidade satisfatórios na governança de seus dados.

“Dados ruins desperdiçam tempo, aumentam custos, enfraquecem a tomada de decisões, irritam os clientes e dificultam a execução de qualquer tipo de estratégia de dados.”

Harvard Business Review

A minha intenção em escrever esse post é de trazer pelo menos alguns conceitos que vão servir de incentivo pela busca de mais conteúdo deste tema. Vamos então a definição do termo Governança de Dados, que segundo a DAMA (Data Management Association International); que é uma organização sem fins lucrativos, constituída por uma associação de profissionais dedicados a promover os conceitos e melhores práticas da Gestão, Governança e Qualidade de Dados e da Informação, foi por meio da DAMA que técnicos nestes assuntos puderam debater tais ideias e compilar tudo no DMBOK (Data Management Body of Knowledge), um framework ou uma espécie de guia de boas práticas. Agora, voltando a definição….

“Governança de Dados consiste no exercício de autoridade e controle de estratégias, políticas, regras, procedimentos, papéis e atividades envolvidos sobre o gerenciamento de ativos de dados” (DMBOK, 2012).

Em outras palavras, podemos entender a governança de dados como uma das funções da Gestão de Dados, que vai definir como os dados devem ser utilizados em uma organização, desde o momento de sua criação até ao chegar ao final do seu ciclo de vida. E partir deste ponto teremos a gestão de todos os dados gerados dentro de uma organização.

A governança de dados traz o alinhamento entre pessoas processos e tecnologia voltados para o gerenciamento dos dados estratégicos de uma empresa, por meio da definição de papéis atrelados a responsabilidades e padrões para qualquer operação que for ser realizada com os ativos de dados.

A importância da governança de dados é tão grande que no DMBOOK ela é mostrada como a função central da disciplina de Gestão de Dados, e a Governança de Dados faz a interface entre as outras nove funções da disciplina de Gestão de Dados, aparecendo centralizada e influenciando diretamente, ou não, todas as demais funções. Que aliás, acredito que deva ao menos falar um pouco de cada uma delas.

I. Desenvolvimento de dados: Responsável pelos exercícios de modelagem e implantação das estruturas dos dados, e realizar a gerência do ciclo de vida de criação das estruturas de dados que serão utilizadas pelas aplicações.

II. Arquitetura de dados: Responsável por definir os dados necessários da organização visando o alinhamento das informações com as estratégias de negócio da empresa.

III. Operação dos Dados: Responsável pela manutenção e armazenamento dos dados ao longo da vida útil.

IV. Dados Mestre e de Referência: Responsável por alinhar e controlar as atividades, assim garantindo a consistência e a disponibilidade de visões ímpares dos principais dados reaproveitados na empresa.

V. Data Warehouseing e BI: Responsável por delimitar e controlar os processos que envolve os dados de suporte a tomada de decisões. Geralmente, disponibiliza os ativos em aplicações analíticas e softwares de BI.

VI. Documentação e conteúdo: Responsável por implementar, planejar e controlar exercícios para manter, proteger e acessar dados não estruturados das organizações, estejam eles em bancos não relacionais, arquivos de texto ou conteúdo de áudio, vídeo e imagem.

VII. Gerenciamento de Metadados: Os metadados são os que representam os dados como significados. Os significados equivalem aos conteúdos técnicos dos dados, que por sua vez são extraídos por meio das informações. Eu sempre gosto de pensar em metadado como, o dado sobre o dado.

VIII. Qualidade dos Dados: Responsável por medir, avaliar e otimizar os dados. A gestão de qualidade, como o nome sugere, também garante a qualidade dos dados da empresa implementando e planejando ações que abarque todo o ciclo de vida do dado.

IX. Segurança de Dados: Tem a função principal de criar e manter políticas de segurança da informação na organização. E nos últimos tempos tem sido um das funções de Gerenciamento de Dados mais falada, visto que a cada dia estamos mais perto do prazo final para vigência da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Juntas, todas estas funções colaboram para um ambiente de dados confiável agregando mais agilidade, melhorando os processos internos, gera insights para antecipação de demandas, reduzir os custos operacionais e gerar uma transparência maior entre as equipes. Transparência essa, que na minha opinião é um das grandes conquistas entregue através da implantação de uma governança de dados, pois, desde sua concepção, governança de dados não é algo do departamento de TI, muito pelo contrário, é algo que necessita do apoio de toda a organização, os dados não são únicos de um setor ou área eles são um ativo comum de toda a empresa. Outra coisa que também é bom ter-se em mente quando se trata de governança de dados, de forma alguma ela deve ser vista como um projeto. Já que um projeto possui início meio e fim. Governança de dados é algo cíclico, que deve-se sempre ser atualizada e adaptada, às palavras chave acredito que seja “melhoria contínua”, pois um conjunto de dados de uma organização podem ter seu valor repensado a medida que as metas de uma empresa são repensadas. Por isso é necessário também que iniciativas do tema sejam apoiadas pelos gestores de cada área, caso contrário muito provavelmente sua empresa vai estar entre os 97% citados no artigo da Harvard Business Review.

Implementar de forma segura e eficaz um plano de governança representa não apenas a sintonia com a nova forma de trabalhar com dados, mas também uma forma de proteger os clientes e o patrimônio digital da empresa.

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